domingo, 10 de janeiro de 2016

Estrada-divã

Estrada bem comprida é muito boa para pensar. Apesar de achar que penso mais do que deveria, sempre levo em minha bagagem de mão algo para remoer caminho a fora. No fim das contas sempre há uma meta a ser cumprida, um caso mal resolvido ou um ato irrefletido para serem degustados com calma e atenção. Com o balanço do carro, as ideias vão se organizando, as soluções vão saindo de seus esconderijos e os problemas vão ficando pequenininhos. Sabe como é estrada, não é? Parece divã, onde a gente é terapeuta de nossas próprias vidas e nessas idas e vindas acabamos chegando ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído: nós mesmos.

(Grazielle Santos Silva)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A Queda

c
... a
... ... í
... ... ... í
... ... ... ... í

lá do alto da escada
ah menina, danada!
fui mexer onde não devia...

e depois,
no chão estatelada
não pude fazer mais nada
não tive outra saída

... ... ... ... ... ... ... ... ... ...i...
... ... ... ... ... ... ... ... ...e
... ... ... ... ... ... ... ...t
... ... ... ... ... ... ...n
... ... ... ... ... ...a
... ... ... . .....v
... ... ... ...e
então... l

...e segui em frente!
porque, inevitalmente,
não havia mais o que fazer.

(Grazielle Santos Silva)

domingo, 6 de dezembro de 2015

É bom não me bastar

Tentei acreditar com todas as forças que eu sozinha me bastaria. Mas bastar-me em companhia às vezes é pouco. É bom ter alguém, um outro, um par, não necessariamente para me completar, mas para me acompanhar em meus devaneios. É bom ter por perto outra respiração, outro cheiro. Uma paixão para me tirar do eixo. Um porto seguro para me estabilizar. É bom ouvir outra opinião. Concordar, discordar, repensar, instigar. É bom calar. A dois. Viver a dois. Ser dois com tanta intensidade que dois se torne um. E é bom não me perder no meio desse caminho. Porque é bom e necessário que eu tenha a liberdade de vez ou outra estar novamente sozinha.

(Grazielle Santos Silva)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Paixão

Meu corpo é todo paixão
do mais fino fio de cabelo
à pontinha do dedão

Sou regida pelo embalo
do descompasso do coração

E se por acaso [ou descaso]
na correria da vida
me falta essa impulsão

É tempo perdido
sem sentido
vão

(Grazielle Santos Silva)

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A descoberta

Delícia saborear a conexão,
sentir despertando, a Paixão,
que [desastrada]
a cada espreguiçada
bagunça tudo por dentro

É gostoso tudo que a Paixão faz acordada
ouvir o coração às gargalhadas
a cada novo contato
a cada toque
a cada beijo

[E é bem verdade que essa explosão de sentidos nem sempre dura tanto quanto a gente gostaria.]

No entanto, não pode
a brevidade
virar lamento

Acho até que é um grande acontecimento!

A descoberta que a Paixão só estava adormecida
anda mesmo é bem viva
e já está pronta para novas aventuras

(Grazielle Santos Silva)

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